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As escolhas parecem invulgares?
Paciencia o meu gosto musical é, no minimo estranho. Oiço tudo (ou quase tudo)... e as minhas escolhas vão-no provar.
Espero eu...

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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Para a minha mãe

Se a postagem anterior era sobre um dos cantores preferidos do meu pai, esta postagem é sobre um dos cantores preferidos da minha mãe e a referencia maior da música portuguesa da segunda metade do Séc. XX.
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu em Aveiro em 1929 e faleceu em Setúbal em 1987 ficou conhecido no mundo da música como Zeca Afonso.
Começou por cantar fado de Coimbra, cidade para onde foi estudar em 1940, e música tradicional portuguesa, enverdando posteriormente pela música de intervenção.

Nasceu em Aveiro em 1929 e até aos 3 anos (1932) foi criado por uns tios indo nesse ano para Angola onde estavam os pais há já 2 anos, regressa a Portugal e a Aveiro em 1937 por breve tempo antes de regressar a África, desta vez para Moçambique para onde os pais se tinham mudado.
em 1938 regressa a Portugal para casa de um tio paterno em Belmonte onde completou a instrução primária. Em 1940 vai estudar para Coimbra onde inicia a sua carreira musical.
Entre 1958-1959 foi professor em Alcobaça. Em 1964 parte de novo para Moçambique onde foi professor do liceu. Ao regressar a Portugal é colocado como professor em Setúbal mas devido as suas actividades contra o regime salazarista acaba expulso do ensino e, para sobreviver, dá explicações e grava o seu primeiro álbum, "Baladas e Canções".
Foi por diversas vezes preso pela policia politica do regime.
Em 1971, edita "Cantigas do Maio", no qual surge "Grândola Vila Morena", que será mais tarde imortalizada como um dos símbolos da revolução de Abril.
Em 1985 é editado o seu último álbum de originais, "Galinhas do Mato", em que, devido ao avançado estado da doença, José Afonso não consegue cantar na totalidade. Devido a isso, o álbum foi completado por: José Mário Branco,Helena Vieira, Fausto e Luís Represas. Em 1986, já em fase terminal da sua doença, apoia a candidatura de Maria de Lourdes Pintassilgo à presidência da república.
José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica. Será certamente recordado como um resistente que conseguiu trazer a palavra de protesto contra o regime do Estado Novo e depois contra a própria revolução de Abril que acabaria por enveredar por outros caminhos mas também a música popular portuguesa e também pelas suas outras músicas, de que são exemplo as suas baladas.

E já agora aqui fica a discografia completa (penso eu)


Singles
• Ó vila de Olhão (1964, single)
• Menina dos olhos tristes (1969, single)
• Viva o poder popular (1974, single)

Mini Albums (EPs)
• Balada do Outono (1960, EP)
• Baladas de Coimbra (1962, EP)
• Cantares de José Afonso (1964, EP)
• Grândola, vila morena (1974, EP)

Álbuns de estúdio
• Baladas e canções (1964)
• Cantares de andarilho (1968)
• Contos velhos rumos novos (1969)
• Traz outro amigo também (1970)
• Cantigas do Maio (1971)
• Eu vou ser como a toupeira (1972)
• Venham mais cinco (1973)
• Coro dos tribunais (1974)
• Com as minhas tamanquinhas (1976)
• Enquanto há força (1978)
• Fura fura (1979)
• Como se fora seu filho (1983)
• Galinhas do mato (1985)

Álbuns ao Vivo
• Ao vivo no Coliseu (1983, álbum duplo)




A MORTE SAIU À RUA

A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação



OS ÍNDIOS DA MEIA-PRAIA

Aldeia da Meia Praia
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faço

De Montegordo vieram
Alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha à ré

Quando os teus olhos tropeçam
No voo de uma gaivota
Em vez de peixe vê peças de oiro
Caindo na lota

Quem aqui vier morar
Não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana

Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te nudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo

Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De enganar a burguesia

Adeus disse a Montegordo
Nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente
Se só ele é o enganado

Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
Até que veio o primeiro
Documento autenticado

Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
quem diz o contrário é tolo

E se a má língua não cessa
Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos índios da Meia-Praia

Foi sempre tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura
Quando na presa reparas

Das eleições acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas

Mas não por vontade própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história
E o povo saiu à rua

Mandadores de alta finança
Fazem tudo andar para trás
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz

Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Que diz o contrário é tolo

E toca de papelada
No vaivém dos ministérios
Mas hão-de fugir aos berros
Inda a banda vai na estrada




BALADA DO OUTONO

Águas
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão Acordar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar

Águas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar



VEJAM BEM

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de febre a arder

Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer

Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão

E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vai
ninguém vai levantá-lo do chão




MAIO MADURO MAIO

Maio maduro Maio, quem te pintou?
Quem te quebrou o encanto, nunca te amou.
Raiava o sol já no Sul.
E uma falua vinha lá de Istambul.

Sempre depois da sesta chamando as flores.
Era o dia da festa Maio de amores.
Era o dia de cantar.
E uma falua andava ao longe a varar.

Maio com meu amigo quem dera já.
Sempre no mês do trigo se cantará.
Qu’importa a fúria do mar.
Que a voz não te esmoreça vamos lutar.

Numa rua comprida El-rei pastor.
Vende o soro da vida que mata a dor.
Anda ver, Maio nasceu.
Que a voz não te esmoreça a turba rompeu.



MARIA FAIA

Eu não sei como te chamas
oh Maria Faia
nem que nome te hei-de eu pôr
oh Maria Faia oh Faia Maria

Cravo não que tu és rosa
oh Maria Faia
Rosa não que tu és flor
oh Maria Faia oh Faia Maria

Não te quero chamar cravo
oh Maria Faia
Que te estou a engrandecer
oh Maria Faia oh Faia Maria

Chamo-te antes espelho
oh Maria Faia
Onde espero de me ver
oh Maria Faia oh Faia Maria

O meu amor abalou
oh Maria Faia
Deu-me uma linda despedida
oh Maria Faia oh Faia Maria

Abarcou-me a mão direita
oh Maria Faia
Adeus oh prenda querida
oh Maria Faia oh Faia Maria




Cantigas do Maio

Eu fui ver a minha amada
Lá p'rós baixos dum jardim
Dei-lhe uma rosa encarnada
Para se lembrar de mim

Eu fui ver o meu benzinho
Lá p'rós lados dum passal
Dei-lhe o meu lenço de linho
Que é do mais fino bragal

Minha mãe quando eu morrer
Ai chore por quem muito amargou
Para então dizer ao mundo
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou

Eu fui ver uma donzela
Numa barquinha a dormir
Dei-lhe uma colcha de seda
Para nela se cobrir

Eu fui ver uma solteira
Numa salinha a fiar
Dei-lhe uma rosa vermelha
Para de mim se encantar

Minha mãe quando eu morrer
Ai chore por quem muito amargou
Para então dizer ao mundo
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou

Eu fui ver a minha amada
Lá nos campos eu fui ver
Dei-lhe uma rosa encarnada
Para de mim se prender

Verdes prados, verdes campos
Onde está minha paixão
As andorinhas não param
Umas voltam outras não

Minha mãe quando eu morrer
Ai chore por quem muito amargou
Para então dizer ao mundo
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou



CANÇÃO DE EMBALAR

Dorme meu menino a estrela d’alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será pra ti

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor

Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme quinda à noite é muito menina
Deixa-a vir também adormecer

Ainda podia ter incluído aqui muitas mais mas o tempo é pouco

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